O fantasma do amor romântico nas relações livres

Por que só posso pensar em morar junto, construir uma vida junto, ter planos pro futuro, adotar crianças, constituir um lar ou família, exclusivamente, com pessoas com quem eu faça sexo? E se duas ou mais pessoas se gostam tanto que decidem entrelaçar suas vidas, morar sob o mesmo teto e até dividir a cama, elas precisam necessariamente fazer sexo? E se em algum momento elas fazem sexo porque gostam, e depois de um tempo o desejo sexual de alguma das partes se vai, mas elas querem continuar compartilhando suas rotinas, elas precisam continuar fazendo sexo pra manter a estrutura da vida conjunta?

Por que chamamos uma pessoa importante na nossa vida, mas com quem não fazemos sexo, de amiga, e uma pessoa com quem fazemos sexo de companheira, parceira ou “alguém com quem me relaciono”? Por que uma pessoa com quem faço sexo se sente inferiorizada se a chamo de amiga? E por que é estranho chamar alguém com quem não faço sexo de companheiro, pareceiro ou “alguém com quem me relaciono”? Sem sexo não há relacionamento? Não há companheirismo, confiança, intimidade, ajuda mútua, partilha, aprofundamento?

O sexo tem que ser assim tão determinante no grau de profundidade e no caráter geral de uma relação? Precisamos chegar ao ponto de clivar as relações entre “com sexo” e “sem sexo”, usando nomes diferentes pra cada? Por que, em vez disso, não dividimos nossas relações entre “com afinidade política” e “sem afinidade política”, ou então entre “com conversas profundas” e “sem conversas profundas”, ou ainda entre “com gosto artístico parecido” e “sem gosto artístico parecido”? Por que, acima de todas as outras características, especificamente a presença do sexo define a forma de se relacionar?

Sim, é fato que essas construções já estavam no mundo quando chegamos, mas precisamos perpetuar essa história?

É natural que o sexo ajude a fortalecer outros vínculos, e o problema não é esse. O problema é que continuamos a acreditar que o sexo, e só o sexo, possibilita, e de fato obriga, uma forma diferente de amor, mais sublime, superior, mais verdadeiro. Desse modo, pessoas heterossexuais só podem amar “de verdade” pessoas do sexo oposto, e pessoas homossexuais só podem amar “de verdade” pessoas do mesmo sexo. Mais do que isso: dentro dessa lógica, só me é permitido amar “de verdade” alguém que pertença àquela pequena parcela da humanidade que eu considero atraente sexualmente. Ou então, pior ainda, eu tenho a obrigação de sentir atração sexual por qualquer pessoa que eu ache extremamente importante na minha vida, e apenas por essas pessoas. Sentimento profundo e sexo são fundamentalmente indissociáveis dentro desse contexto. Não há sexo sem amor, e não há amor “verdadeiro” sem sexo.

Ora, que amor é esse? Esse é o amor de Shakespeare, Goethe, Hollywood e Disney. É o amor que já vem com fórmula pronta, lotado de expectativas, cobranças e “a prioris”, que só fazem sentido na monogamia compulsória. Não é o amor que queremos. Ao menos, não é o amor que eu quero. O amor que eu quero não vem formatado, e é diferente pra cada pessoa na minha vida.

No latim, “amor” e “amica/amicus/amicum” vêm do mesmo radical. Amigo é algúem que se ama. Todas as pessoas que eu amo são minhas amigas. Em alguns casos há sexo, em outros não. E isso não determina nada.

145 comentários sobre “O fantasma do amor romântico nas relações livres

  1. Penso que é muito difícil, diria quase impossível modificar comportamentos prontos, intrínsecos dentro de nós e adotarmos posturas, pensamentos e sentimentos que precisam ser aceitos e vividos de forma natural por nós mesmos em primeiro lugar.
    Uma vez que não acreditamos que poderia ser de outra forma, não vemos outro caminho.
    O medo também é um grande obstáculo. Geralmente não queremos ser diferentes por medo de não sermos aceitos. O texto é interessante, polêmico e trabalhoso. Não sei se teria tempo de recomeçar uma nova história. Aprendi que quando amamos fazemos sexo,e isso é muito bom. Não sei quem inventou, mas gostei muito da invenção. Grande beijo

    1. Não são comportamentos intrínsecos, na verdade, o ser humano não é nem é uma criatura monogâmica naturalmente. O relacionamento monogâmico que se estabelece na dicotomia amor e sexo com apenas uma pessoa é uma construção social que pode ser desconstruída – assim como em outras culturas foi constituída de maneira diferente. Poucas coisas no ser humano é inato, os que são, em sua maioria, são comportamentos vagos que determinam pouca coisa.

      1. Cocordo 100% com você, somos livres pra sermos o que quisermos e fazermos oque quisermos… quando a maioria das pessoas ver isso, Não teremos tanto preconceito, tantos julgamentos…

      2. O texto é legal. O julgamento de valores no final tirou um pouco do seu brilho. Uma coisa é certa, nessa premissa também podemos trepar com nossas mães, pais, irmãos, cachorros, filhos,…

  2. Que contradição em!? No final do texto insinuar que possui vários “companheiros” “amigos no seu modo de ver” tendo sexo com uns, e sem sexo com outros. E sexo, e porque entrar em tanta questão no sexo ? É tão natural quando o gosto musical, ou a cor que gosta. Sexo, sim é vida, é amor, é paixão. E não existe nada mais bonito no mundo do que você desejar alguém, a ponto de, querer fazer amor, constituir uma família, uma casa, seus segredos mais profundos para uma pessoa só. Isso que diferencia um companheiro. Talvez você veja isso muito romantista, mas me pergunto porque nessa nova geração(acredito que você seja desta) não seja ensinado isso.

  3. Ola! Texto interessante, mas discordo da forma como vc pensa o sexo. Reduziu e colocou como algo absolutamente menos importancia. N precisamos dividir intimidade apenas com quem fazemos sexo. Mas o sexo é um ato intimo. Mesmo no descompromissado há um intercâmbio. Entendo o que é o amor livre, mas somos socializados monogamicamente. Desconsoderar isso, p algumas pessoas, pode ser uma violencia subjetiva. Eu durmo de conchinha com quem eu faço sexo. Somente com essa pessoa! Pq p mim, fazer isso com um amiga é encaixa-la numa categoria diferente. culturalmente esse comportamente foi atribuido de significados.. no entanto, essa limite quem vai dar sao as proprias pessoas.. posso expressar meu amor pelo meu amigo com comportamentos diferentes, n?! Na perspectiva poligâmica, existem formar de amar. No entanto, p quem n é partidario desse modelo, existem varias formas de amar, qual o problema de as pessoas amarem de forma x a pessoa y que é exatamente o parceiro que faz sexo. E chamar de parceiox e companheirox.
    Negocio que nessa discussao n tem certo nem errado. Tem o diferente

  4. Rapaz, você traduziu meu pensamento e uma discussão que sempre acontecia em um relacionamento passado mas que não deu em nada porque é complicado para muita gente entender ao que foge do padrão.

  5. Parabéns pelo texto e pela paciência em ficar se explicando. Juro que não entendo a necessidade das pessoas “atacarem” quem expõe o que pensa, como se fosse um debate político a ser vencido.

  6. Eu poderia ser construtivo e criticar o texto, mas não farei isso, pois concordo plenamente com o que foi discutido. Para mim está claro. É um convite à quebra de paradigmas. O texto se justifica. Agora vamos tentar entender algumas coisas…
    Germano, o que se passa com você? Primeiro diz que não vem discutir o texto e apenas vem pra defender seus queridinhos autores pois o autor do texto não assistiu os 100% dos filmes (como se isso fosse possível em apenas uma vida) e não tem PhD em literatura alemã? Aliás, é de muito mau gosto o tipo de ad hominem por causa da grafia da palavra (que pode ser considerada como correta) – o que só mostra que você é que tem que melhorar sua argumentação. O autor aqui não está fomentando discussões como ‘Autor X era racista’ ou ‘X era escravocrata’. Eles são homens de seu tempo. O que é discutido é a contraposição de uma normatização persistente das relações interpessoais atuais com a insistência na reprodução de formas e normais sociais de tempos passados. O autor refuta as fórmulas que identifica nestes outros autores, nos filmes e costumes. Procure ser mais reflexivo, e não cometa novamente o erro ridículo de se considerar tão velho, tão vivenciado, tão erudito e letrado e tão calejado. Se considera-se tão à prova de erros por sua experiência, nos agracie com um texto teu, que nos mostre (com argumentos… é… esses que andam faltando) que o amor romântico nos autores que defende é tão diverso e permissivo quanto propõe.

  7. Eros – um amor apaixonado fundamentado e baseado na aparência física
    Psiquê – um amor “espiritual”, baseado na mente e nos sentimentos eternos
    Ludus – o amor que é jogado como um jogo; amor brincalhão
    Storge – um amor afetuoso que se desenvolve lentamente, com base em similaridade
    Pragma – amor pragmático, que visualiza apenas o momento e a necessidade temporária, do agora
    Mania – amor altamente emocional, instável; o estereótipo de amor romântico ou apaixonado.
    Ágape – amor altruísta; espiritual

  8. O amor em si é universal, certamente q o texto está criticando o amor romântico dos filmes e literatura em termos de casais sejam hetero ou homo, mas eu chamaria isso apenas de mais um tipo de amor. Tem o amor que temos pelos amigos, o amor que temos pela familia, por uma mãe, um filho. O amor q temos por nosso pet, ou por algo que realizamos. O sexo é outra coisa, tem relação com desejo, tesão, e podemos fazer com, ou sem amor.

    Agora, um casal q se ama e não faz sexo, é possível, porém como o ser humano é dotado de desejos e apetites, isso pode gerar problemas na sociedade de cultura judaico cristã q vivemos.

    1. O texto foca a cultura judaica-cristã e/ou a civilização ocidental. Quanto à civilização oriental sabemos que os casamentos são arranjados, em muitas destas culturas, desde a infância, o status quo é premeditadamente mantido assim. A produção de filmes do oriente ou meio-oriente que envolve casais traz outra perspectiva de como o s.h. vive o amor e sexo. Então, neste contexto da cultura oriental o sexo, em geral, acontece como necessidade de procriação e pode acontecer, com tempo, um afeto e talvez até um amor entre o “casal arranjado”. No texto de Kama Sutra há capítulos sobre como cuidar da amante (com quem se expressa a paixão, o desejo sexual) – e é o macho que pode ter uma amante, a mulher jamais. Isso, para ilustrar que há um mosaico cultural de como o s.h. se expressa afetiva e sexualmente. A questão que jaz no subtexto da colega é a do sentimento de pertencimento no social: o que uma expressão emocional/afetiva individual/casal representa para o grupo social a qual o(s) sujeito(s) está(ão) imbuído(s) e vice versa. E, a partir disto, será que é possível conciliar esses multiversos de expressão?

      O texto também traz recordações do movimento hippie e as aspirações do amor livre. Há muita documentação sobre estas experiências e as consequencias de tentar viver outro paradigma emocional/afetivo enquanto que a vida economica e social acontece em outro paradigma bem diferente. O aprendizado destas experiências é que não é possível “quebrar” a paradigma reinante, é preciso transformá-lo a partir de práticas/ações no microcosmo coletivo. O movimento feminista e LGBT tem mostrado como isto é possível, com todas as dores, e que isto requer tempo e organização. Aliás, o emocional/afetivo não está dissociado da vida econômica/social. Como cada um ou grupo se organiza para sobreviver tem relação com esta questão da expressão emocional/afetivo.

      Retomando a questão do status quo, a forma de manutenção do status quo no ocidente é realizada através da doutrinação das expressões do afeto/amor que estão intrinsecamente ligadas à produção econômica. Ou seja, o assunto é mais complexa que aparenta ser…

  9. Entendo que quis criticar uma visão conservadora da sociedade, e concordo com sua critica, mas achei os argumentos podiam ser melhores. Chamar alguém que não se faz sexo de amigx ou com quem se faz sexo de companheirx, é uma termologia para identificar a relação de duas pessoas. É o mesmo que criticar: porque tenho que chamar os filhos dos meus pais de irmãos? A partir do momento que se criam novas relações entre as pessoas (exemplo: sem sexo, mas morando junto e construindo familia), uma nova termologia tem que ser inventada, porque é um novo conceito de relação entre 2, ou mais, pessoas. Chamar uma pessoa de amiga, subentendesse que não existe o sexo, a não ser que seja uma “amizade colorida”, que já é um novo nome para definir essa relação.

  10. Ah, se eu tivesse lido seu texto há uns 4 anos atrás… namorava um cara e gostava muito dele, só que aos poucos eu fui perdendo o interesse sexual nele, sem deixar de ainda gostar muito dele e gostar dos momentos de carinho/beijos/afetos. Pedia paciência pra ele para saber o que eu estava sentindo mas ele se dizia não desejado e que por isso não deveríamos mais continuar… até hoje sinto falta dele, mas acabei apagando o celular dele e me mudei de cidade… foi uma pena, poderia ter pedido pra ele ler seu texto para refletir. =/

  11. Pq quando uma pessoa anda de mãos dadas na rua com outra necessariamente faz sexo com ela?! O probema do texto não está no conceito do amor livre mas na relação puramente sexual. Namorara é fazer sexo? Pensei que namoro fosse amor puro.

  12. Adorei seu texto, e, por isso, quero apenas propor uma correção: Shakespeare nunca concordou com este amor chamado de romântico ou monogâmico. Muito pelo contrário. Sei que as pessoas tendem a interpretar mal suas obras, mas mesmo Romeu e Julieta trata-se de Amor, Amor real, verdadeiro, universal. A confusão acontece por conta de não se conhecer a linguagem simbólica ali apresentada. Shakespeare escreveu sonetos de amor para homens e mulheres que fizeram parte de sua jornada por aqui.

  13. Perfeito!
    O Romantismo está morrendo aos poucos. Só não acorda para isso quem não acha que não se deve dar importância o suficiente para os próprios sentimentos e a própria felicidade.

  14. O verdadeiro amor é aquele que se dá sem receber nada em troca… Nossa mãe nos ama incondicionalmente, podemos ser os piores filhos, ir mal na escola, ser mau educado, ir preso, fugir de casa, mas a mãe de verdade sempre ama seu filho!
    Deus tb nos ama incondicionalmente…
    Imaginem só, ele nos dá o sol, o ar, a terra e dela vem todos os alimentos a água. E como nós retribuímos esse amor?
    Comendo carne, maltratando os animais, consumindo produtos que provém do sofrimento, de exploração, agindo sem nenhuma consciência somente para satisfazer nossos sentidos de uma maneira bem egoísta e individualista. Ou vcs acham que a Coca Cola é mesmo uma empresa que se preocupa com nosso bem estar? Não, tem espartame, causa câncer e exploram o meio ambiente.
    Vcs acreditam mesmo que as grandes marcas, C&A, ZARA, Adidas, NIKE querem proteger o meio ambiente e os animais? Não, a verdade é que pele de cangurus bebês são usadas para confeccionar seu confortável tênis, crianças são exploradas e escravizadas para produzir sua linda roupa de marca.
    Sem falar da indústria agropecuária… Agrotóxicos… Transgênicos… Monsanto… Vixe, posso fazer um livro…
    O tema inicial é o amor verdadeiro… Fiz uma pequena ilustração para que possamos compreender como somos manipulados para agir como robôs neste fantasmagórico sistema…
    Somos programados pelos meios de comunicação e pela própria sociedade ocidental a nos iludir, ou seja, acreditar naquilo que não é!!!
    Se eu pergunto: quem é vc ? Respondem: Eu sou o João, tenho 27 anos, fiz direito na USP, moro em SP, gosto de meninas e meninos moro com meus pais… Etc
    Tudo isso é uma falsa identificação. Somos mais do que este corpo, estamos morrendo desde que nascemos e as pessoas seguem com seu orgulho e desejo de sempre se satisfazerem sem se importar com os demais.
    Já não sabemos quem somos, em quem podemos realmente confiar, qual é a nossa natureza, como é o verdadeiro amor, qual o verdadeiro valor do sexo. Estamos perdidos sem saber para onde ir neste mundo material onde tudo é passageiro.
    O sexo para as culturas ancestrais é sagrado, pq tem o poder de trazer uma alma para este mundo, imagine orar e meditar para que Deus envie uma alma consciente para aliviar o sofrimento dos demais que sofrem neste mundo antes da prática sexual? Muito elevado!!!
    Mas nós só queremos sentir o prazer, que é tão passageiro e limitado, quanto tempo dura um orgasmo? Quantos segundos? Passou e cada um vai para o seu lado, e seguimos viciados dependendo desta grande ilusão para sermos felizes, e se a transa não é boa, tchau procuro outra pessoa que me satisfaça!!!
    Sei que cada um tem sua consciência e que tb não se pode exigir uma evolução forçada desta consciência…
    Mas enquanto formos egoístas e não olharmos para o lado seguiremos assim, especulando sobre o que é o amor, sobre o que é o sexo, sobre o que é a paixão… Nascendo e morrendo, nascendo e morrendo, nascendo e morrendo!!!
    Como vamos saber a verdade do amor se somos incapazes de ter compaixão pelos animais? Quem dirá por outras pessoas!!!
    Vc tem o livre arbítrio, pode escolher ser uma pessoa boa, compassiva e amar de verdade aos demais, basta compreender que Deus está no coração de todas as entidades vivas…
    Faço um convite:
    Um boicote ao sexo por prazer, ele é sagrado!
    Um boicote ao consumo de carne, seja vegetariano e experimente a qualidade da compaixão!
    Seja mais consciente, seu consumo influência na vida dos outros e na sustentabilidade do planeta!
    Diga não as empresas e multinacionais exploradoras!
    Siga um mestre inspirador!
    Experimente o amor verdadeiro levando a felicidade para os demais onde quer que vc esteja!
    Amor é dar sem querer receber…
    Somente AME…

    1. A cada dia percebo e comprovo que a maioria confunde amor com paixão seja por quem for ou como for..
      Inclusive eu mesma estava nesse grupo.. rsrs
      A grande maioria nem sabe o que é o Amor, o que é amar.. amar não é amar o parceiro ou parceira, é um estado de espirito, é um estado em que se ama tudo, pois se sabe que tudo provem da mesma fonte.

      Definir o que é certo ou errado é limitar a beleza da vida, é limitar as infinitas possibilidades de estar em prazer constante.
      Sexo é só um dos muitos meios de se obter prazer. Quem somos nós para definir qual a forma certa de se obtê-lo..

  15. Se pensarmos no sexo como uma forma de troca de energias como um ato de maior entrega e zelo posto na intimidade com o outro, não usaremos o sexo como está sendo colocado no nosso meio social hoje; de forma hedonista, baseado num epicurismo sem serenidade. Para quem acredita numa visão cosmológica vinculado ao sexo, se preocupará em ter apenas umx parceirx, buscando no outro um crescimento espiritual e o ajudando a crescer também, dessa forma, numa entrega verdadeira entre ambos a relação não se estabelecerá de forma fragmentada. Agora se fundarmos as nossas relações sexuais dentro do niilismo que cultivamos diariamente, inclusive pelo próprio papel mercadológico (um salve as sex shop(?)), aí sim o texto está bem coerente. Outra coisa, o sexo no amor livre é mais uma oposição ao nosso relacionar-se monogâmico do que necessariamente algo inato ao ser humano.

  16. Não concordei com o seu texto. Nunca pensei em sexo como algo assim tão decisivo na minha vida (e não acho que seja exclusividade minha porque conheço várias pessoas com o mesmo pensamento…). Acho que o que diferencia umx companheirx (ou uns companheirxs, né), sempre foi o amor (que não é igual entre todo mundo que uma pessoa ama), a vontade de ficar junto, de compartilhar minha vida e minha intimidade, não o sexo… Mesmo no sexo casual, é vc acaba compartilhando algo da sua vida com a pessoa, sempre vai haver uma troca aí. E mais: ninguém transa com alguém por quem não sente atração. Mas pra mim, (não curto muito sexo casual) é só algo que vem junto com a intimidade, mas isso também é uma escolha do casal, não é indispensável pra uma vida a dois. E claro, não quero dizer que que n se pode amar amigxs, mas o amor (ou simplesmente atração) que se sente por uma pessoa que se fica e por uma pessoa que é sua amiga é bem diferente. Claro que a pessoa que se fica não deixa de ser umx amigx, mas acho que são coisas bem diferentes, há níveis e níveis de amizade e intimidade. Sexo não é igual a amor, assim como amor não é igual a sexo.

    1. Pois é. Essa desconstrução da monogamia chega a ser um pé no saco. Tem quem queira dividir esse momento com uma pessoa só e respeita quem não quer. Agora, eu é que não entendo essa mania de querer defender que “sexo é liberdade”. Sexo é porra nenhuma, sexo é que nem cagar. Tem gente que só caga em casa. Oras!

  17. Adorei o texto e gostei de descobrir o blog. Moro na França e sinto que somos cada vez mais numerosos aqui também a falar desses assuntos. Como se muitas pessoas que sempre viveram ou sentiram fora dos padrões de “monoamor” de repente se sentissem menos sozinhas e mais dispostas a viver as coisas aberta e publicamente. Estamos trocando textos, referências, ideias e experiências. Mas vejo que tem muitas pessoas que querem sair de uma regra e achar outra, sair de uma etiqueta pra achar outras (“relação livre”, “poliamor”, “polifidelidade”, etc). Fico muito feliz quando me deparo com opiniões como a do seu texto, uma coisa que vai mais no sentido de “incluir” que no de “definir”. Acho que o ideal é que cada um, em cada caso, com cada pessoa, em cada momento, possa sentir o que é mais adaptado e interessante para os envolvidos. Também estou bastante interessada por pessoas que estão procurando outras formas de viver outras coisas que o amor.
    Fiquei com vontade de traduzir seu texto pra poder compartilhar aqui, posso? Não sei se vou ter tempo, mas guardei aqui num cantinho. Enquanto isso vou ler mais textos do blog.

  18. Eu não entendo porque as pessoas têm que colocar sexo em tudo. Pra mim é uma necessidade fisiológica, que nem cagar. Eu só divido com quem eu quero. Se não tiver alguém pra dividir, consigo resolver sem ajuda dos outros. É difícil viver assim? Não entendo quem precisa copular com todos os seres ambulantes do planeta, é um fetiche doentio, como se a pessoa TIVESSE que cagar em todos banheiros que acha bonito. Essa cultura de supervalorização do sexo é que gera isso. No dia que as pessoas pararem de endeusar o sexo como última opção no mundo, isso muda. Eu prefiro dividir meus momentos com uma pessoa só, mas isso vai de cada um. Não porque tive essa doutrinação do amor romântico, mas porque sexo para mim é que nem cagar e eu cago melhor no banheiro de casa.

  19. Que reflexão Incrível…
    Não me deu nenhuma resposta, mas me encheu de perguntas novas, me encorajou a pensar no condicionamento que envolve o nosso relacionar-se.
    Nós empobrecemos tudo quando damos mais valor as terminologias, as legalizações, as expectativas sociais do que ao AMOR.

    Gratidão por essa reflexão sobre o amor e o amar! _/\_

  20. Nome do texto devia ser “como eu penso, no meu mundo de fantasia”
    Esse texto chega a ser uma fantasia. É querer mudar os sentimento das pessoas. Não é desse jeito nem para quem escreveu esse texto.
    Somos complicados, se fosse fácil como parece…
    Eu amo minha namorada, assim como amo meus amigos. Eu não tenho relação sexual com meus amigos, porque eu não quero, eles não querem, minha namorada não quer. É intimidade, ciúmes, falta de vontade, falta de atracão.
    Duas pessoas namoram porque elas ficam interessadas uma na outra. Cria-se intimidade, falam-se segredos, os dois se abrem, um sabe do outro defeitos, manias, desejos.
    “Sim, é fato que essas construções já estavam no mundo quando chegamos, mas precisamos perpetuar essa história?” Esse não é o fato, o fato é que NÓS somos assim, nosso instinto é basicamente impossível de mudar. SENTIMENTOS: NÃO SÓ EM TERMOS DE AMOR. SENTIR SAUDADE, CIÚMES, CONFIANÇA, VONTADE, ETC. Eu vou procurar ajuda com a minha namorada. Por quê? Porque tenho mais intimidade, não porque faço sexo com ela. Sexo é um detalhe. Assim como eu posso fazer sexo com outra pessoa, mas não pedir ajuda para ela, porque não tenho intimidade.
    Experimente amar todos que deseja como se fizesse sexo com todos. Vá em frente, tente ser igual com todo mundo.
    Isso não tem nada a ver com a vida real, texto absurdo e engraçado. Desculpa, mas esse texto é muito estúpido, é querer mudar algo que já está certo.

    Acredito que para descrever o sexo desse jeito aí, esse texto não deve ser digno de pensamento
    para classificar “nós humanos”. Isso é o modo que a escritora vive e pensa. Nem todos são assim.

  21. Achei o texto meio truncado, tanta pergunta sobre o que achamos sobre isso, sobre aquilo, (dois parágrafos inteiros só de perguntas e os 2 seguintes com mais perguntas perdidas no meio deles) demora pra chegar a um contexto e cria uma expectativa que no fim não se resolve direito, deixando o texto bem confuso.
    Mas voltado ao conteúdo, pelo menos o que eu pude entender, não é questão de poder ou não poder fazer sexo com amigos, companheiros, amantes, etc…,O Sexo bígamo não é coisa moderna, não do tempo da disney, hollywood ou de shakespeare, é de sempre, e esse assunto provavelmente já era pauta desde o surgimento da humanidade, podendo ser evidenciado no comportamento dos animais, que são bígamos sim, tem seus parceiros ou parceiras fixas pra toda a vida, entretanto dão as suas “puladas de cerca”. Acho que o assunto não seria o fato de poder ou não poder fazer sexo com alguém, acho que a discussão teria que girar em torno de poder ou não poder se relacionar sexualmente com pessoas fora do seu relacionamento fixo, ou se relacionar em conjunto, sem que isso crie uma carga pesada na consciência de quem o pratica, ou que isso parece algo sem pudor, do mal, etc.. E quanto a ser amigo e em alguns casos envolver sexo e em outros não envolver é algo bem complexo, hoje em dia se vê muito o comportamento individual, o que eu quero, o que eu gosto, o que eu acho correto, mas dificilmente se observa o que o outro pensa a respeito disso, pra mim pode ser muito natural e normal transar com 2 pessoas ao mesmo tempo, mas para essas 2 pessoas que estão fazendo isso pela primeira vez comigo pode não ser fácil aceitar, ai envolve questões religiosas, culturais e de pudor. Ser individual é a onda do momento, talvez isso ajude para quebrar tabus, ou ajude a criar novos ainda piores.

  22. Porque o sexo pauta tudo? Freud explica, por um lado. Levi-Strauss também, pelo tabu. Mais importante do que com quem trepamos, é com quem não podemos, em hipótese alguma, trepar – a mãe ou o pai. Por outro lado, “não existe relação sexual” (Lacan), e é por isso mesmo que ela é tão determinante. Para mudar esse fundamento, é preciso radicalizar e subverter por completo a ideia de gênero (a luta aqui segue forte) e de família (aqui é o vespeiro mais difícil de mexer).

  23. Não quero criar polemica, nem nada… sou apenas uma curiosa do assunto e gostaria de colocar alguns pontos…
    Mas… Se soubessem o poder da energia sexual… E sim é sagrado como Giri disse a cima! Quando você tem relações com uma pessoa, vc carrega a energia dela com você por 7 anos! Sair fazendo sexo com várias pessoas somente pelo prazer pode ser catastrófico e isso é visível fisicamente! (Reparem, comparem, estudem…) Mas tb não vejo mal algum em manter uma relação com uma pessoa que você ama, com ou sem rótulo de namoro, casamento ou seja lá como for, sem sexo, afinal em alguma relações o desejo acaba e não vejo mal algum em manter todo o resto bom da relação! O que para mim parece problema é quando o uso do sexo é único e exclusivamente por prazer e principalmente com várias pessoas… Espiritualmente falando, e até cientificamente falando… existe uma lei que que é universal: a 3a lei de Newton, que a lei da ação e reação, TUDO que vc faz tem conseguencias… Não estou querendo julgar nem condenar ninguém, apenas procurando e estudando um pouco esse assunto… Pois a sincronicidades dos fatos da minha vida tem trazido pessoas adeptas ao “Amor Livre”, e eu achava que essa ideia não me agradava apenas pelo ciúme, sentimento de posse e apego que sinto por quem eu “amo”, MAS o amor verdadeiro não tem apego, nem posse e nem ciume, ele é incondicional! E descobri que existem fundamentos tanto científicos como espirituais para justificar o que tanto me incomoda no “amor livre” ou nos conceitos que tenho encontrado sobre ele! Estou procurando algum conceito de “Amor livre” que sane essas minhas questões! Pois no meu ponto de vista, tb não acho justo privar alguém de viver algo que leve ao amor incondicional apenas por rótulos, tabus, crenças, ciúmes e apegos… Mas tb não me sinto evoluida o suficiente para me livrar dessas crenças e padrões e admiro quem consegue amar livremente, mantendo as relações sagradas, principalmente consigo mesmo! Se alguém tiver algum texto que ajude nos meus estudos agradeço!

  24. Eu gostaria muito de saber de outras mulheres como lidam ou lidaram com as questões de ciúmes, medo e insegurança no início das relações não-monogâmicas? E como superaram estes sentimentos para avançar na proposta das relações?

  25. Oi, adorei o seu texto e me identifiquei bastante com ele. Voce saberia de algum livro (sendo uma história com personagens ou algo mais teórico) sobre esse conceito de amor livre ou outras formas de amar? Eu agradeceria muito.

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